Estado da Califórnia matou Stanley Tookie Williams

Dia 13 de Dezembro de 2005 o Estado da Califórnia executou Stanley Tookie Williams III por injecção letal, depois de o Governador Arnold Schwarzenegger recusar a clemência e comutação da pena.
Uma das coisas mais tristes que já vi nesta terra, onde se armam em campeões dos direitos humanos.
Segundo consta, o homem nunca confessou os assassínios de que era acusado, manifestou-se inocente e terão havido erros processuais. O costume.O ter-se dedicado nos últimos anos a escrever livros e promover o oposto do que praticou no passado (chefe dum gang), a bem da juventude, e ser até ter sido proposto para o Prémio Nobel da Paz, nada lhe serviu de atenuante. O facto de ser preto deve ter anulado qualquer atenuante.
Mas mesmo que ele fosse 100% culpado, esta coisa da pena de morte a torto e a direito neste país (em 37 dos 50 estados) é um caso para reflectir.
Não transmitiram a morte do homem pela televisão. Mas um grande grupo de jornalistas assistiu e depois relataram, um a um, em frente às câmaras. Foi impressionante e muito triste. Demoraram mais que o previsto a executar as acções para o matarem, depois não encontravam a veia para a injecção, depois a injecção (que devia ser letal e rápida para não sofrer tanto) demorou muito a fazer efeito. Os jornalistas contaram que demorou 12 minutos 12 (ou 20) minutos (já não me lembro o que ouvi) a morrer e alguns relataram com pormenores impressionantes a agonia do desgraçado. Era suposto a injecção letal ser rápida e sem sofrimento. Uma jornalista disse que outra ficou doente com a cena, aplicando mesmo a expressão "fisicamente doente". Disseram que houve familiares das alegadas vítimas, que assistiram também, que até choraram com aquilo.
Houve (e continua a haver) por aqui muitos debates a propósito deste caso. Além dos do costume contra a pena de morte, houve muitas acusações de racismo. O governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, não concedeu a comutação da pena baseando-se, entre outras coisas, em preciosismos legais para não se sobrepôr às decisões dos tribunais. Contudo, ele, eleito pelo povo, tinha legalmente a última palavra.
Uma activista (negra) contra o racismo e a pena de morte apareceu na televisão em directo com um discurso muito duro acusando Schwarzenegger de assassino sanguinário (ou algo assim; já não me lembro das palavras em inglês) e decisão política.
Os jornalistas que assistiram, além de relatarem o aspecto inumano da execução, estavam praticamente todos (para minha surpresa) contra este resultado do caso Tookie. Muitos começaram (ou acabaram) os seus relatos, em directo na televisão, dizendo que "The State of California killed an innocent man" ("o Estado da Califórnia matou um homem inocente").
No total, uma história muito triste. O pior que já vi aqui nesta terra desde que cheguei há dois meses.


Tooki terá sido co-fundador do Crips Gang em Los Angeles. Em 1981 foi condenado pelo assassínio de quatro pessoas.
Após 6 anos e meio em emprisionamento solitário, no corredor da morte da prisão californiana de San Quentin, ele renunciou ao seu passado de gangster. Escreveu vários livros e iniciou programas para desencorajar os jovens para não se juntarem a gangs.
Tookie nunca admitiu os assassínios por que foi condenado. A história de Tookie Williams passou a filme, com Jamie Foxx, intitulado "Redemption: The Stan Tookie Williams Story". Foi a execução número 1003 desde a reinstalação da pena de morte nos Estados Unidos da América, actualmente em vigor em 37 dos 50 estados da união.

Mais informações, em inglês, em http://www.savetookie.org/ ou http://sandiego.indymedia.org/, entre outras fontes.

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