Benefícios fiscais
Esta semana no debate o Sócrates criticou o Louçã porque no programa do BE está escrito:
"Devem ser eliminados integralmente todos os incentivos fiscais aos produtos privados de poupança para a reforma [vulgo PPR] ou às despesas em educação ou de saúde, nas áreas em que haja oferta pública".
Por exemplo, segundo eles, sendo a escola pública e realmente gratuita, quem tivesse despesas de educação privada não teria benefícios fiscais com isso. O mesmo para a saúde.
O Sócrates disse que isto é contra a classe média e mais não sei quê. Praticamente todos os comentadores acharam que o Sócrates é que esteve bem e o Louçã é que perdeu pontos com esta história.
Ora eu, se estiver (ou estivesse) em dúvidas em votar no BE ou noutro, poderia votar no BE precisamente por causa desta proposta. Há anos que eu defendo isto.
A proposta é um bocado utópica, porque o Serviço Nacional de Saúde e a escola pública não são gratuitos nem funcionam bem, mas em teoria é a proposta mais justa que eu já vi nos últimos tempos. Se peca é por defeito, pois deviam acabar mesmo todos os benefícios fiscais, como por exemplo aqueles das energias alternativas.
Pelo que eu vejo, quem lucra com os benefícios fiscais é quem tem mais dinheiro para fazer certas despesas (e investir em PPR). Ou seja, o Estado devolve mais dinheiro dos impostos a quem tem mais dinheiro disponível.
Eu, se tivesse mais dinheiro se calhar também fazia PPR e meia dúzia de seguros de vida para toda a família. Também comprava outra casa (como mais despesas em habitação) e comprava uns painéis solares e uns carros eléctricos. Se tivesse mais dinheiro, se calhar também punha as criancinhas num colégio especial, comprava-lhes uma data de computadores de último modelo e a última edição de cada dicionário disponível em Portugal. Se tivesse mais dinheiro fazia uma operação laser em vez de andar com óculos. Se calhar até ia a alguma clínica tirar um sinal pouco estético que tenho na pele.
Enfim, se eu tivesse mais dinheiro teria um monte de benefícios fiscais.
10.Set.2009.
No comments:
Post a Comment