Abono de Propaganda

Eu já tinha desistido de comentar o atraso-de-vida português, mas o governo pré-ditatorial do Partido ex-Socialista não pára de me surpreender.
Agora é a propaganda pura e dura do suposto grande aumento do abono de família, para o suposto incentivo à natalidade.
Um anúncio (pago pelo governo) de propaganda na televisão mostra uma grávida que vai receber um abono pré-natal e termina anunciando que a outra filha, de dois anos, vai ter o seu abono duplicado. Ponto final. E o anúncio propagandístico não acrescenta mais nada.
Na realidade, a grávida só terá o abono pré-natal durante seis meses e a outra filha de dois anos só terá o abono duplicado durante doze meses. E isto só se reunirem mais umas condições, pois o abono de família não é um direito universal em Portugal e entre os que o recebem há valores muito diferentes.
Segundo a lei que entrou em vigor, a propagandeada duplicação do abono com o terceiro filho só se verificará entre os 12 e os 36 meses, ou seja apenas durante dois dos dezoitos anos do menor. E note-se que entre os 0 e os 12 meses não há qualquer duplicação e a partir do 12º mês há uma quebra abrupta do valor do abono.
É verdade que pode-se dizer que estes pequenos aumentos (para alguns) até aos 36 meses são melhor que nada, mas é triste que isto sirva para uma propaganda que dá uma ideia completamente errada do que de facto se verifica.
Além disso, dizer que isto é um incentivo à natalidade só pode ser anedota (independentemente de considerarmos que o incentivo à natalidade é uma coisa boa ou má).
Salazar não fazia melhor.

Em honra do grande timoneiro da nação lusitana, José Sócrates Sousa, aqui deixo alguns versos do velho Hino da Mocidade Portuguesa. Qualquer semelhança com a actualidade não é mera coincidência. Apenas a tecnologia e os meios são diferentes.

Lá vamos, cantando e rindo
Levados, levados, sim
Pela voz de som tremendo
Das tubas, - clangor sem fim.
(...)
Querer! Querer! E lá vamos!
- Tronco em flor, estende os ramos
À Mocidade que passa.
Cale-se a voz que, turbada,
De si mesma se espanta,
Cesse dos ventos a insânia,
Ante a clara madrugada,
Em nossas almas nascida.
E, por nós, oh! Lusitânia,
- Corpo de Amor, terra santa -
Pátria! Serás celebrada,
E por nós serás erguida,
Erguida ao alto da Vida!

4. Out. 2007.
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