Ovelhas portuguesas

Há muitas ovelhas em Portugal. São cerca de 10 milhões de ovelhas, carneiros, borregos, anhos, cordeiros.

As ovelhas em Portugal são masoquistas e não se cansam de seguir sempre os mesmos pastores. Antes de 1974 seguiram o mesmo pastor (e seu sucessor) durante 48 anos. Esse pastor tinha umas propriedades em África, com mais ovelhas negras do que brancas e a coisa acabou mal com a exploração daquelas herdades.

Entretanto, com a revolta das ovelhas brancas também na herdade europeia, o pastor acabou por ser corrido para o Brasil e durante dois anos o rebanho andou um bocado à deriva, sem pastor que controlasse a situação. Em 1976 as ovelhas portuguesas iniciaram um regime em que podem escolher pastores diferentes, mas durante estes 33 anos, têm escolhido sempre um pastor de uma de apenas duas famílias muito chegadas.

No passado dia 27 de Setembro as ovelhas portuguesas foram mais uma vez chamadas a escolher os pastores. Quatro em cada dez ovelhas não compareceram à chamada (e depois queixam-se que as outras ovelhas escolhem mal). As outras seis (em cada dez) repartiram as escolhas do seguinte modo, em termos de representantes no estábulo (número de deputados, que é o que conta, e não o número de votos, de acordo com as regras):

- ovelhas sociais-democratas (PS e PPD/PSD): 77,4%;

- ovelhas comunistas (BE, PCP e PEV): 13,5%;

- ovelhas democratas-cristãs (CDS-PP): 9,1%;

As regras são para cumprir, mas para termos uma melhor noção da realidade devemos realçar que entre as 9 514 322 ovelhas inscritas nos cadernos eleitorais apenas 2 077 695 escolheram o partido do pastor-mor, o que dá 21,8%. Ou seja, apenas uma em cada cinco ovelhas gostam mesmo deste pastor; as outras quatro ou não gostam ou estão-se nas tintas e deixam a escolha nas patas das outras. No entanto, pelas regras (Método D'Hondt), o pastor-mor tem 42,2% das ovelhas representadas no estábulo (97 em 230).
15.Out.2009

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